O mercado imobiliário para arrendamento em Portugal apresenta uma dinâmica surpreendente em 2025, marcada por um aumento significativo da procura em cidades periféricas e média dimensão, enquanto as maiores metrópoles, Lisboa e Porto, saem do top 50 das localidades mais procuradas.
Este fenómeno reflete uma mudança crescente no perfil dos arrendatários que privilegiam não só rendas mais acessíveis, como também melhor qualidade de vida longe dos centros urbanos saturados. Municípios como Barreiro, Vila Franca de Xira e Amadora lideram a lista, apontando para uma procura intensa em áreas que combinam proximidade a grandes centros com custos mais baixos do arrendamento.
Além disso, cidades históricas e cidades universitárias como Coimbra, Braga e Évora apresentam também um aumento significativo na procura, motivado não apenas por questões económicas, mas também pela atratividade cultural e educacional destas localidades. O fenómeno tem impacto direto no preço das rendas e na oferta habitacional, desenhando um panorama em que a dispersão da procura é cada vez mais evidente.
Este artigo percorre as diversas facetas deste cenário, explorando as razões por trás da preferência pelos concelhos periféricos de Lisboa e Porto, analisando a variação dos preços médios de arrendamento em municípios como Faro, Setúbal, Tavira e outros, e destacando exemplos concretos que ilustram as tendências atuais do mercado português de arrendamento.
A ascensão dos municípios periféricos de Lisboa e Porto na procura de arrendamento
Nos primeiros meses de 2025, a procura por arrendamento em Portugal tem vindo a alterar-se substancialmente, com destaque para os concelhos que circundam Lisboa e Porto. Barreiro, Vila Franca de Xira e Amadora consolidam-se como pontos nevrálgicos desta procura, representando os locais onde as famílias portuguesas mais procuram arrendar casa.
Estes municípios oferecem uma combinação vantajosa para os arrendatários: rendas mais acessíveis, tipicamente inferiores a 1.200 euros mensais, em contraste com as rendas de Lisboa, que alcançam valores médios na ordem dos 1.751 euros por mês. Este fator financeiro é determinante para que muitos optem por residir na periferia, aproveitando a proximidade da capital, bem como a crescente oferta de serviços e infraestruturas nestas regiões.
No caso do Porto, a tendência é semelhante, embora a renda média seja inferior à da capital portuguesa, cerca de 1.216 euros mensais. Municípios vizinhos como Paredes, Penafiel, Gondomar, Maia e Valongo apresentam rendas bastante mais acessíveis, com valores médios que oscilam entre os 760 euros e os 1.026 euros mensais. Esta diferença também explica a procura crescente nestas zonas e a consequente pressão sobre a oferta habitacional.
Esta dispersão da procura tem refletido um alívio relativo na pressão do mercado das metrópoles, cujo elevado número de imóveis disponíveis (quase 15.000 em Lisboa e cerca de 10.000 no Porto) ajuda a equilibrar a relação entre oferta e procura. Assim, enquanto Lisboa e Porto continuam a ter uma grande quantidade de imóveis para arrendamento, a procura mais fragmentada nas suas áreas centrais explica a ausência destas cidades no ranking das 50 mais procuradas para arrendamento.
Em termos sociais e económicos, esta mudança reforça o fenómeno de descentralização urbana, em que as famílias e jovens profissionais procuram um equilíbrio entre acessibilidade financeira e qualidade de vida. Barreiro, por exemplo, viu um aumento continuado da procura, apoiada também por melhores ligações de transporte público que facilitam o deslocamento diário para Lisboa, contribuindo assim para esta nova realidade.

Impacto das rendas mais baixas nas cidades históricas e universitárias portuguesas
Cidades como Coimbra, Braga, Évora, Guimarães e Viseu destacam-se num cenário em que a procura por casas para arrendar se baseia não só em preços acessíveis, como também na atratividade cultural, histórica e académica. Estas localidades oferecem aos arrendatários uma oportunidade única de viverem em espaços com riqueza patrimonial, rodeados de ambientes que fomentam a qualidade de vida.
Coimbra, por exemplo, conhecida pela sua universidade secular, mantém uma alta procura de arrendamento, atraindo estudantes, investigadores e profissionais ligados ao ensino superior. A oferta habitacional é diversificada, desde apartamentos próximos ao centro histórico até moradias em zonas mais periféricas. Embora os preços das rendas estejam em crescimento, rondam valores significativamente mais baixos que os de Lisboa e Porto, tornando a cidade uma alternativa viável para absorver parte da procura crescente.
Braga, outra cidade com marcado crescimento demográfico e económico, apresenta uma dinâmica semelhante. A cidade combina um custo de vida inferior à média das grandes cidades e uma forte oferta cultural e desportiva. Para famílias jovens, esta conjugação é particularmente apelativa e ajuda a explicar o lugar de Braga no ranking das cidades com maior demanda para arrendamento.
Évora e Guimarães, ambas património mundial da UNESCO, também beneficiam do interesse crescente por parte de arrendatários que valorizam municípios com forte identidade histórica. Esta procura, aliada a rendas moderadas, faz destas cidades pontos estratégicos para quem procura arrendar de forma económica e em contexto cultural enriquecedor.
Viseu, embora mais afastada do litoral e dos grandes centros urbanos, tem vindo a beneficiar de um mercado imobiliário mais equilibrado e rendas atraentes, que também impulsionam a procura no seu concelho. Estes exemplos mostram a dispersão da procura que ultrapassa o eixo tradicional Lisboa-Porto, promovendo um desenvolvimento mais regionalizado do arrendamento.
Diversidade geográfica e econômica no mercado de arrendamento português
Analizar os 50 municípios mais procurados para arrendamento permite observar uma diversidade geográfica que vai muito além dos grandes centros urbanos. O fenómeno traduz-se em oportunidades e desafios variados que refletem diferenças económicas, sociais e culturais pelo país.
O Algarve continua a ser uma região com procura significativa, especialmente as cidades de Faro e Tavira, que se destacam não só pelo turismo mas também pelo crescimento da população residente. Os preços praticados nestas cidades, apesar de mais altos do que no interior do país, permanecem inferiores às áreas mais centrais de Lisboa, tornando a região uma opção muito procurada para quem procura aliar lazer e acessibilidade no arrendamento.
Em Setúbal, a procura por arrendamento mantém-se estável, beneficiando da proximidade a Lisboa e das melhorias recentes nas infraestruturas de transportes. Esta cidade tem acompanhado o crescimento do mercado periférico à capital, com rendas médias competitivas que estimulam a movimentação de famílias e jovens profissionais.
Leiria, já no centro do país, apresenta uma dinâmica interessante, com um mercado que reage à procura de arrendamento devido ao desenvolvimento industrial e comercial da região. O equilíbrio entre oferta e procura é fundamental para manter a atratividade, ajudando a explicar a posição favorável da cidade no ranking processado pelo idealista.
Estas diferenças regionais também se refletem em municípios como Bragança e Castelo Branco, onde o mercado habitacional ainda apresenta preços acessíveis, mas onde a oferta poderá tornar-se cada vez mais escassa face à procura crescente, exigindo uma gestão cuidada para evitar desequilíbrios futuros.
Evolução do mercado de arrendamento: como as condições atuais influenciam a procura
A conjuntura económica e social de Portugal em 2025 tem um papel decisivo na forma como o mercado de arrendamento se comporta. A redução dos juros hipotecários e a oferta de apoios públicos para a compra de imóveis têm desviado parte da procura do mercado de arrendamento para o mercado de compra e venda.
Este fenómeno tem provocado um arrefecimento relativo do mercado de arrendamento nas grandes metrópoles, nomeadamente Lisboa e Porto, ao mesmo tempo que os municípios periféricos continuam a registar um aumento consistente na procura por casas para arrendar. A acessibilidade financeira permanece o motor principal destas decisões, paralelamente a fatores como qualidade de vida e disponibilidade de alojamento adequado.
Exemplos recentes do mercado indicam que em locais como Palmela ou Albufeira, onde as rendas atingem níveis superiores a 1.500 euros, há um movimento de famílias a procurarem alternativas mais acessíveis nas proximidades, refletindo o sentimento generalizado de pressão nos preços do arrendamento que se manifesta nestas cidades.
Por outro lado, nos municípios com rendas medianas inferiores a 750 euros, como Covilhã, Chaves e Figueira da Foz, identifica-se uma procura crescente motivada pela conjugação de preços baixos e qualidade de vida, o que os torna pontos emergentes no mapa do arrendamento em Portugal.
Perspetivas futuras para o mercado de arrendamento e investimento imobiliário em Portugal
Tendo em conta a análise atual da procura nas cidades portuguesas para arrendamento, excluindo Lisboa e Porto do top 50, é evidente que o mercado continua a evoluir de forma heterogénea. A atração pelos municípios periféricos e de média dimensão irá provavelmente continuar, alimentada pela busca de soluções habitacionais mais alinhadas com as possibilidades financeiras e o desejo de equilibrio entre trabalho, convivência e lazer.
Para investidores, esta realidade abre novas perspetivas. Municípios como Coimbra, Braga, Aveiro, Setúbal e Viseu representam ofertas interessantes para aplicar capital, dadas as suas taxas de valorização do arrendamento e a crescente procura por casas nestas regiões.
É fundamental acompanhar as tendências demográficas, o desenvolvimento de infraestruturas e as políticas públicas para perceber onde investir será mais rentável. A diversificação territorial do mercado exige um olhar atento à evolução dos preços e da procura, valorizando oportunidades fora das tradicionais zonas metropolitanas.
Este cenário sugere que o futuro do arrendamento em Portugal passa pela descentralização progressiva da procura, com um mercado que se adapta às necessidades socioeconómicas e regionais, abrindo caminho a uma maior equidade no acesso à habitação.
